João

João

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Sobre João Justiniano da Fonseca



João Justiniano da Fonseca é poeta e ficcionista, com incursões na historiografia e na biografia. Nasceu em Rodelas, Estado da Bahia, a 30 de junho de 1920, filho de Manoel Justiniano da Fonseca e Eufrosina Maria de Almeida.
     Servidor Público, João Justiniano da Fonseca tem um longo percurso de trabalho. Serviu ao Exército Nacional entre 1940 e 1944, tendo aí realizado o curso de formação de graduados - sargento. Preparou-se para a vida por via de cursos intensivos, para realizar concursos públicos. Nesses cursos estudou, além da matéria de conhecimentos gerais, matemática, contabilidade geral e pública, geografia, voltada especialmente para informações sobre portos marítimos e fluviais, direito tributário, direito administrativo, direito comercial, direito civil e direito penal na área de crimes contra a administração pública. Tem aprovação nos concursos públicos então realizados pelos extintos - Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP) e Departamento Estadual de Serviço Público (DSP\BA), para Escrivão de Coletoria Estadual (Bahia) Fiscal de Rendas do Estado (Bahia), Escrivão de Coletoria Federal e Agente Fiscal do Imposto de Consumo, cargos reestruturados com denominação outra. Exerceu, por concurso público, os cargos de Auxiliar de Coletoria Federal, Escrivão de Coletoria Federal e Agente Fiscal do Imposto de Consumo, correspondente, na atual nomenclatura, a Auditor Fiscal da Receita Federal. Em comissão, passou pelos cargos de Inspetor de Coletorias Federais, Fiscal do Selo nas Operações Bancárias, Inspetor Fiscal do Imposto de Consumo e Inspetor Fiscal de Rendas Internas na área federal; Assessor Técnico de Planejamento na área estadual (Bahia) e Diretor Administrativo Financeiro da extinta COHAB/SALVADOR, na área municipal. Aposentou-se como Auditor Fiscal da Receita Federal com redução de tempo de serviço, como participante de operações bélicas. Nomeado posteriormente para o cargo vitalício de Conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios do Estado da Bahia, renunciou a aposentadoria federal para exercer o novo cargo, no qual veio a aposentar-se em 1990, encerrando, então, sua carreira no serviço público. Exerceu, ainda, o mandato eletivo de Prefeito de sua terra natal no período 1967/1971 e posteriormente o mandato de vereador.
 



     Obra Literária:



    Livros Impressos

 

  • Safiras e Outros Poemas (poesia). Edição  - Falângola Belém –PA - 1960
  • Brados do Sertão
    1ª edição (Imprensa Oficial da Bahia/autor) - 1963
    2ª edição do autor - 1974
  • Sonhos de João (poesia) - Edição do Autor - 1974
  • Luiz Rogério de Souza – Educador Emérito (biografia e poesia) – Edição Mensageiro da Fé/Comissão de Promoção da Barra – Bahia - 1976.
  • Cacimba Seca (romance) - Edição CONTEMP EDITORA - Salvador –Bahia – 1985
  • Terra Inundada – (romance) - Edição CONTEMP EDITORA - Salvador –Bahia –1986
  • Grilagem (romance) - Edição Editora Sol Nascente,  Salvador – 1991
  • Sonetos de Amor e Passatempo (poesia) - Edição Editora Sol Nascente, Salvador – 1992
  • Aquele Homem (romance) - Edição Editora Sol Nascente, Salvador - 1993
  • Rodelas, Curraleiros, Índios e Missionária (história) - Edição Empresa Gráfica da Bahia com apoio da Secretaria da Cultura e Turismo da Bahia - 1996
  • Rio Grande do Sul (poesia) Edição Empresa Gráfica da Bahia com apoio da Secretaria da Cultura e Turismo da Bahia - 1997
  • Sertão, Luz e Luzerna (contos) Edição Empresa Gráfica da Bahia/Autor - 2000
  • Cantigas de Fuga ao Tédio (poesia) - Edição Empresa Gráfica da Bahia/Autor  - 2002
  • Memórias de Pedro Malaca (romance) - Edição Empresa Gráfica da Bahia/Autor - 2003
  • Crônica dos Deuses (romance) - Edição Empresa Gráfica da Bahia/Autor - 2005
  • A Vida de Luiz Viana Filho (biografia), Edição Conselho Editorial do Senado Federal -  2005
  • Luiz Viana Filho – O Jornalista (antologia). Conselho Editorial do Senado Federal - 2008
  • Memorial Dulcina Cruz Lima (história). Edição Empresa Gráfica da Bahia/Autor - 2008
  • A Colonização e o Massacre, (romance histórico). Edição Empresa Gráfica da Bahia/Autor - 2009
  • No Correr do Tempo (memórias). Edição Empresa Gráfica da Bahia/Autor - 2011
  • Dulcina Cruz Lima - Correspondência (coletânea de cartas e outros escritos). Edição Empresa Gráfica da Bahia/Autor - 2013
  • Participação em inúmeras coletâneas impressas de poesias e contos





          Livros Eletrônicos

     Edições eletrônicas de Lourivaldo Perez Baçan, Portal CEN – Cá Estamos Nós.



  • Canto de Natal (poesia)
  • Canto de Amor e Louvor a Pindorama (poesia)
  • Solidariedade (contos)
  • O Crime da Farmácia (novela policial)
  • Luiz Viana Filho – Política de Oposição e Defesa da Bahia (reunião dos artigos publicados no jornal A Tarde, não incluídos na antologia)


 

    
Instituições Culturais:



  • Instituto Geográfico e Histórico da Bahia
  • Clube Baiano de Trova (CBT), Sócio Efetivo n. 12
  • União Brasileira de Trovadores (UBT) - Salvador
  • Casa do Poeta Brasileiro em Salvador
  • POEBRAS - Casa do Poeta Brasileiro/Salvador - Presidente e Editor da Revista
  • Academia Goianense de Letras, Cadeira 47
  • Academia Riograndense de Letras (correspondente)
  • Academia Petropolitana de Letras, Cadeira 103 (correspondente)
  • Academia Petropolitana de Poesia Raul de Leoni (correspondente)
  • Casa do Poeta Riograndense (correspondente n. 761)





É verbete na Enciclopédia de Literatura Brasileira, de Afrânio Coutinho, 1990 e 2001, verbete no Dicionário de Poetas Contemporâneos, de Francisco Igreja, 2a edição, 1991.

Rodelas ainda na Berlinda... (artigo)









O título RODELAS NA BERLINDA foi publicado no Recanto das Letras em 07 de outubro. Vejo hoje, 08 de novembro, 25 leituras e nenhum comentário, nenhuma referência de bem, de mal. Das pessoas a quem enviei só uma deu um retorno. Sinal de que não se lhe deu atenção. Salvo essa pessoa amiga que me retornou. Soube que um blog de Paulo Afonso o transcreveu. Ainda bem. Escreva quem quiser, leia quem se agrada do texto ou se interessa pela matéria, e estamos conversados. Este será o meu último texto sobre a matéria e só para umas pequenas lembranças.

O projeto de lei que criou os municípios de Rodelas e Macururé foi assinado e apresentado por três vereadores de Rodelas e de certo (não estou informado) pelos representantes de Macururé que não faltariam com o seu apoio.

Dos representantes de Rodelas, Antônio Justiniano da Fonseca e Manuel Moura eram bem escolarizados e tinham competência para redigir um bom texto. Faltava-lhes, porém, a formação e o saber jurídico para formular o projeto na forma em que se fez. As pessoas esquecem cedo as coisas que não lhe interessam. Por outro lado contam-se também os que não viveram com atenção o momento e por isto o ignoram. A vida é assim mesmo. Todos nós corremos para alcançar nosso objetivo sem nem perceber os fatos alheios a este. O projeto passou por uma pena que o elaborou sem assinar porque não se comportava a sua assinatura. Era uma pena de amor. Importava sim, à mão abençoada que a empunhou que ele se fizesse em lei sem necessitar de eventuais emendas da Assembléia Legislativa, salvo palavras de praxe. Esta pena seria a do Dr. Adauto Pereira, nosso amigo e então líder prestigioso entre Paulo Afonso, Glória, Rodelas e Macururé. Exercia uma liderança tradicional ao lado de seu pai, Dionísio Pereira. Conhecia o então município de Gloria e seus distritos sabendo onde se assentavam as divisas distritais. E foi com base nestas, que ao lado dos senhores vereadores definiu, por justiça, a divisa dos novos municípios. Eram como se fossem todos seus. Nossa terra, para mim, ainda é a mesma: Glória, Paulo Afonso, Rodelas, Macururé, Chorrochó, Abaré. Nesse espaço corre em nós o sangue comum dos desbravadores do chão pobre, crespo e seco salvo a margem do Velho Chico. Os catingais de hoje quase pelados de arborização, foi o chão que alimentou as primeiras boiadas daquele gado miudinho (pé duro, se dizia) trazidas das Ilhas de Canárias e Madeira, considerado então o mais adaptável à caatinga de escassas chuvas, o mais resistente ao solo árido, assim considerado ontem - hoje quase hostil.

Adauto Pereira era a nossa esperança de um futuro brilhante que a morte roubou-nos na manhã da mocidade. Ele, Manuel Moura e eu fomos destacados pelo governo do estado para compormos uma comissão que oferecesse subsídios à CHESF para a alocação dos atingidos pela Barragem de Moxotó. Reunimo-nos os três, conversamos longamente, pesquisamos áreas a serem utilizadas, imaginamos outras soluções. O Moura trabalhava então em Salvador, eu corria como um doido para atender os problemas e penúrias de Rodelas em uma fase em que a seca nos castigava com ganas de morte. Deixamos ao Adauto a incumbência de por no papel quanto supomos de sugestão. Lemos com ele o escrito e o assinamos. Se a CHESF aproveitou alguma coisa eu nem sei. O Adauto acompanhou a matéria e confesso, não sei o que a empresa acolheu das sugestões ou se acolheu alguma. Era um governo de força e quem chiasse entraria para as grades. Adauto passou nestas uns dias e injustamente, por conta dessa luta.
A liderança de Glória hoje é a mesma que vem de Dionísio e Adauto. Não sei se os líderes tomaram conhecimento destes fatos. Eram então, gente muito moça para labutar política e são gentes que nasceram depois. As convicções são outras, outros os entendimentos, outra ainda a política. Afastado da política desde então, talvez eu seja o único vivente desses velhos tempos, quando nada o mais idoso. As divisas que estão aí separando os municípios de Rodelas, Glória e Macururé são as mesmas efetuadas em um passado longínquo para demarcar os distritos.

Uma palavra humilde aos prefeitos de Glória e Macururé: não rompam com um passado histórico que conta 350 anos. Façam que o prefeito de Rodelas saiba que existem as duas fazendas, cujos proprietários certamente não o procuraram, e este assumirá o ônus das mesmas, ainda que o proveito fique para o município vizinho. Maior que seja a Glória de hoje pela ampliação de seu espaço territorial, não compensará o desgaste que sofrerão quando alguém amanhã contar a história de hoje. Nosso nome valerá no futuro pelo que fazemos em vida. Quando escrever-se a história ficará o registro do nome de dois prefeitos que romperam com um passado de três séculos e meio para ampliar o solo e as rendas dos seus municípios, como poderá aparecer o nome de um pobre velho de noventa e três anos que contesta a ação por injuriosa à glória do passado. Então nós seremos pó.

Debaixo deste pirão tem carne! (artigo)






Vejo neste momento que a pretendida revisão de divisas não tem em vista oferecer terras aos índios Pankararés, que já se encontram reassentados. A pretensão parece-me, é outra: ampliar a área de Gloria e Macururé em detrimento de Rodelas. Esta lembrança me recorda as palavras de Pedro Calmon em a A CASA DA TORRE, referindo-se ao padre Pereira, grande matador de índios: “A fronteira dos seus domínios estava na pata do seu cavalo”.    

Leia-se o texto a seguir, editado na Wikipédia:

  

Wikinativa/Pancararé

  

Wikinativa/Pancararé

Da Wikiversidade

Responsável: Caio Vinicius Marques Teixeira

Os Pancararés (ou Pankararés), são um grupo indígena que habita o Norte da Estação Ecológica do Raso da Catarina, nos limites dos municípios brasileiros de Nova Glória e Glória, ambos no estado da Bahia, mais precisamente nas Áreas Indígenas Brejo do Burgo e Pankararé.

   E mais: o reassentamento se deu com a inundação de Glória. Brejo do Burgo pertencia a Glória desde quando o município foi criado e assim continuou com o dessmenbramento de Paulo Afonso. Eu nem me lembrei disto quando produzi o artigo DIVISA TERRITORIAL GLORIA RODELAS. A Estação Ecológica do Raso da Catarina aonde se reassentaram os Pancararés, situa-se no município de Gloria bem próximo do Brejo do Burgo. Salvo esquecimento, já aí vivia o grupo indígena, bem pequeno ao que entendi da palavra de uma pessoa que trabalha no projeto de re-divisão territorial: “não da para encher uma kombi”. É de pensar-se, desculpo-me, não conheço a região, que as duas fazendas abastecidas de água por Glória e Macururé não passarão de dois sítios com uma ou duas dezenas de cabras. Que sejam mais e também contenham muitas vacas. Porque os fazendeiros ou sitiantes não procuraram o prefeito de Rodelas para um pleito, ao menos para uma informação? Conto história vivida. Fui o segundo prefeito de Rodelas. Quatro anos, dos quais três de seca. Desconhecia a existência das propriedades e os proprietários não me procuraram. Era amigo dos prefeitos de Glória e Macururé, que nunca me falaram do assunto.

   Conheço aquilo em parte. Nasci e sonhei em uma fazenda à beira do Raso, no município de Rodelas. Tangi vacas para o curral montando um pônei. É areia. Diz-se que profunda. É de admitir-se que lá no fundo exista água. E muita!

   A pretensão será outra. Sabe-se que há uma empresa trabalhando energia eólica na região e esta além de pagar o aluguel ao proprietário do solo paga royaltie ao município. Fala-se que existe ouro na Serra da Tigela, divisa de Macururé/Rodelas. E ouro também rende royaltie. Em termos de especulação outra possibilidade para a apropriação. Aí se repita - “debaixo deste pirão tem carne”.

   É de pensar-se que a área seja devoluta. Algum sabido pode requerer usucapião e a justiça concede. Qualquer um. Se isso já não foi feito. E o município nem precisará ser ouvido. A terra devoluta é de domínio da União. Glória ou Macururé, quem seja aquinhoado na re-divisão passarão Rodelas para traz. É interessante: fazem uma meia lua nas divisas para arrancar 50% da área de Rodelas. É muita coisa! Poder supremo!

   Não se esqueça de que há alguns anos a região do Alto São Francisco levantou a idéia de desmembrar-se da Bahia para constituir-se um novo estado. Projeto puxa projeto. O pessoal da região poderá retomar a luta pela emancipação. Seria um rombo na Bahia. Mas, parece-me uma solução simpática, ótima para a região. Assim como Rodelas está longe dos sítios atendidos por Macururé e Gloria, Salvador está muito longe do Alto São Francisco Baiano. Não é verdade? E se um poderoso da região à esquerda do São Francisco acima de Petrolina voltar a lembrar-se do projeto da era colonial, de a área integrar-se a Pernambuco? Outro rombo! De certo alguém vai dizer que fiquei maluco ou estou gracejando. Não serei eu somente! Ha outros com a mesma opinião. Não tem aquela de dizer-se que o mundo dá muitas voltas? “O risco que corre o pau, corre o machado”. Não é só Rodelas que está em risco. A Bahia também está. E a sabedoria política aconselha a não mexer em divisas. De todo o modo assunto está em pauta e poderemos retornar a ele.  

João Justiniano da Fonseca